sexta-feira, 26 de março de 2010

Uma página solta

Página imaginária do diário de D. Inês escrita no dia anterior da trágica separação de seus quatro filhos e do seu eterno amor D. Pedro.

Esta era a página final do seu diário, estava um pouco rasgada e tinha uma espada desenhada como se tivesse sido esta a rasgar a folha. Também tinha uma lágrima de sangue desenhada e uma rosa a cair de um arco-íris.

Coimbra, 6 de Janeiro de 1355


Graças à injusta inveja das pessoas, o meu amor com D. Pedro não tem estado em descanso.

Mas hoje, foi um dia especial. Tentei esquecer tudo o que tem acontecido nestes últimos tempos, pois apesar de ter sido num sonho, o meu herói provou-me mais uma vez, de uma maneira invulgar mas «mágica» que eu era a única mulher com quem ele quis, quer e quererá passar a sua vida. Fez brilhar a estrela que sempre esteve dentro do meu diário, que brilhará eternamente, mesmo quando este diário acabar.

Neste sonho com muita irrealidade real, Pedro acordou-me enquanto dormira em sono profundo, sobre um sonho no meio das rosas, dizendo-me que o dia que espreitava pela janela iria ser o mais importante de minha vida.

Levantou-me ao ar, como se eu fosse uma rosa frágil e branca. Depois beijou-me, como se os meus lábios fossem doces como pudim, de seguida voou pela janela comigo nos braços, como se me quisesse segurar para eu não cair nos braços de D. Afonso IV, que estava lá em baixo, e…dei por mim sentada num arco-íris com mil e uma cores. Essas eram as cores do nosso amor que não só neste sonho, como também na realidade, brilham nos nossos olhos.

Não percebi porque é que acordei com a sensação de que tinha caído do arco-íris e enquanto caía, deixei de ver o meu amado e as mil e uma cores; simplesmente só via vermelho.

Assim que acordei tentei apagar da minha memória esta última parte do sonho. Mas como a tinta resistia, tentei pensar que o «vermelho» significava amor e não o sangue de eu estar quase a cair.

Mesmo que caia, nunca te vou esquecer, D. Pedro!...

Não posso levar este diário comigo, pois ao cair do arco-íris, ele desfolhar-se-á e eu não quero que o nosso amor voe; quero que ele permaneça muito tempo intacto.

Espero que encontres este diário, e quando o encontrares guarda contigo esta última página.

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